Eu, Fernando e a Vida

Festejai! Que na vida nada mais é preciso
Que um coração batendo e sangue nas veias!
À vida de qualquer um, a qualquer vida simples
Basta o pulsar de vida e a sensação das coisas.
Bata, coração, que basta a qualquer vida!

À vida de qualquer um, não à minha.
De modo algum à minha.

Navegar é preciso,
Viver não é preciso.

Revolucionários
(Ode à mudança)

Revolução! Dizes. Revolucionário sois?
Então somos irmãos de causa?
Não? Bem, então sigo meu caminho
Apenas saudando tuas lutas.

Revolucionário? Sim, sou! Mas apenas
Daqueles campos que me convém.
Mudemos as letras, depusamos os poderosos!
Mudemos os conceitos firmados n’outrora.

Se quero mudar os fracos conceitos
Populares de arte de meu tempo,
Queres mudar a rotina de milhares
E livrar-nos das predações?

Neste quesito, talvez, sou hipócrita
Confesso. Confesso-me admirador de tal filosofia
Sem jamais ter sequer cogitado em segui-la.
Me desculpe, sou predador, talvez, por natureza.

Talvez por vontade, talvez não.
Não sei! Mas continuo admirando as belas palavras.
Fazes do mundo o verde belo que comes
E tirais da natureza o que precisas para viver.

Sois, sim, filósofo belo!
Encantam-me tais palavras soberbas,
Opulentes de bondade e de mudança
De quem quer melhorar o mundo,
Nem que seja para si mesmo.

A Essência do Amor

Sobre o amor todos sabem versar
Mas poucos realmente o compreendem,
O fundem ao sofrimento sem qualidade
Ou o elevam a status de “Sentimento maior”

Tal futilidade é indignante
O amor não faz sofrer
E não é a causa de tudo,
Apenas motiva o coração desprevinido

Então, o que é o amor?
Nada mais é que paz de espírito
Que não pediu pra lá estar,
Mas faz bem a quem a tem

Ele é nada mais que necessidade,
Que só existe por vontade própria
Surge tão somente porque surgiu
E se instala onde quer, em quem lhe convier.

Amor não é passageiro, nem acaba
Se ele finda, afirmo que amor não era.
Se sofrimento causa, também não o pode ser:
É impossível sofrer de amor.

O que nos causa dor é a saudade
A perda, o arrependimento
O amor é nossa virtude,
Estragá-lo é nosso vício.

Um vício, é bom frisar, constante
Pois achamos que amar é o instante.
Cremos que se ama com o coração,
Quando na verdade não.

Amar é lógico e racional,
Pois sabemos quando amamos.
É nossa mente que nos diz,
E saiba: ela não mente.

E ela me diz o seguinte:
Amor não tem regra, nem métrica,
Nem segue instintos ou sentimentos.
E me diz que meu amor é assim pra mim:

É aquela que me faz sentir bem,
Que me dá segurança de que não finde cedo
Nem tarde:
Pra sempre não tem tempo.

E me faz versar longamente,
Não só porque me inspira:
Amar não é pra quem delira,
Pois te faz inteligente.

Mesmo a frustrante saudade
É só ausência momentânea
Que nem em poema se reflete
Dado a alegria da tua presença.

E se amar fosse uma rima,
Atravessaria, então, os anos:
Os matemáticos, Marina,
Contando os milhões de Eu-Te-Amos.

Minião

Quem me pode ser um desses?
Cobro que tenha critério,
Não me pode ser um sério
E deve negar os deuses.

Deverá manter a calma
que eu não tenho e versar livre;
E sem traumas, eis que vive
O meu semelhante d’alma

Um ser desses já encontrei
E dedico este soneto
Pr’alguém que tem opinião:

Thank you, butterfly of May
Pois contigo sou correto,
Meu primeiro minião.